quinta-feira, 17 de abril de 2014

Dilma, Aécio e Dudu, vamos falar a sério, vamos?

Neste início do mês de abril, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, PSB, renunciou ao cargo para concorrer à presidência da República em obediência à legislação vigente. O outro candidato, o Senador Aécio Neves, PSDB, não tem necessidade da renúncia ao cargo, por se tratar de parlamentar.  


Com três candidatos de partidos mais expressivos postos à rua, a Dilma Rousseff, PT, para reeleição, o Aécio Campos, PSDB, e Eduardo Campos, PSB, como principais adversários, resta ao povo exigir dos candidatos os programas mínimos do governo.


No meu entender, não basta mais os discursos genéricos de prioridade na área de saúde, educação e segurança pública, por exemplo.  Isto é mais que chover no molhado.  Sobretudo a população está careca de saber que o Brasil é carente nas três áreas já citadas.  Não é possível que qualquer candidato não tenha como foco os temas explosivos como programa principal do governo.  


Eu como sou mais realista, com pequeno conhecimento na área econômica e política, quero que cada um dos candidatos se pronuncie sobre os seguintes problemas/soluções cruciais do País, não só para meu entendimento, mas sobretudo para esclarecimento aos eleitores.

1. Câmbio.  O governo Lula, no seu primeiro mandato iniciou o governo com dólar cotado a R$ 3,52.  Ontem, o dólar estava cotado a R$ 2,24.  O índice de inflação no período janeiro/2003 a março/2014 foi de 91,12%.  Se aplicar o índice de inflação do período, para manter a mesma equivalência o dólar deveria estar em, impressionante número, R$ 6,72.  Claro, nem mar, nem terra.  O dólar não deveria estar a R$ 6,72 por diversos fatores, que deixo de comentar neste momento, mas também a cotação de R$ 2,24 é visivelmente artificial.  Isto é calcanhar de aquiles para qualquer qualquer presidente que venha tomar posse em 2015. 


2. Selic. A taxa básica de juros reais, acima da inflação oficial, IPCA, é a mais alta do mundo, tirando naturalmente os países do terceiro mundo.  Selic que é apenas balizamento da taxa de juros, hoje é de 11% com viés para alta.  Com inflação de 6,5%, oficial, a taxa de juros reais fica em 4,5% ao ano.  Acontece que a taxa de juros pago pelo Tesouro acima da inflação, só aumenta o tamanho da dívida pública federal.  Política econômica que aumenta o tamanho da dívida pública eu considero um tremendo equívoco.  


3. Combustíveis.  O atual governo vem utilizando a política de preços dos combustíveis como freio para segurar a inflação, numa atitude equivocada.  A Petrobras, vem bancando a defasagem do preço internacional em relação ao preço do petróleo no mercado internacional, fugindo a política de "paridade" entre os preços do mercado interno e externo.  O represamento do preço dos combustíveis está tornando a Petrobras, uma empresa altamente endividada e sucateada.


4. Energia elétrica.  O atual governo vem utilizando as tarifas de energia elétrica, também, como âncora para conter a inflação.  Em função da interferência indevida do governo federal no setor elétrico, está levando as empresas do setor privado a abandonar o portfólio de investimentos no setor elétrico, tornando o País vulnerável no fornecimento de energia.  Estamos hoje, dependente de chuvas no período que normalmente é de seca.  Não há investimento de porte, para clarear o horizonte no setor de energia elétrica.


5. Infraestrutura.  O Brasil, até hoje, utiliza como modal de transporte principal o rodoviário.  Isto vem, desde que o País deu prioridade ao setor rodoviário, instalando fábricas de automóveis no País.  O transporte rodoviário é o modal mais caro entre os três: rodoviário, ferroviário, aquaviário.  O transporte aquaviário é impraticável no Brasil, porque as usinas hidroelétricas construída nos rios brasileiros não foram providos de eclusas para navegação fluvial.  Única obra importante no setor ferroviário é a Ferrovia Norte-Sul, sem operação, apesar de 20 anos de investimentos. Vamos ficar de braços cruzados?


6. Reforma tributária.  Os impostos são custos importantes na formação de preços no Brasil.  Em média, são R$ 38 de impostos para cada R$ 100 de produtos.  Além de excessiva carga tributária, o emaranhado de normas e regras que dificultam os empresários e o próprio fisco.  Isto é um problema para ser resolvido, sem o que o País perde competitividade no mercado mundial.

Sim, vou votar na oposição, porque não concordo nem um milímetro da atual política econômica (sic) da presidente Dilma.  Mas, por outro lado, até o momento não estou vendo os candidatos se manifestarem sobre os temas nominados acima.  Se os candidatos da oposição e nem o da situação, tem resposta para a mudança imediata dos programas do governo, não saberia dizer o que fazer com o meu voto.

Proponho que façamos debates de mérito, de conteúdo pragmático, ao invés de ficar discutindo temos ao redor de ideologias (sic).  Que ideologias que não preveem o crescimento do País?  Que ideologias que não propõe mudanças que possam colocar o Brasil no trilho do desenvolvimento?  Ficamos eternamente, caçando os quadrilheiros que se instalou nos três poderes da República?  Isto é programas para republiqueta de 5ª categoria!  Isto deveria estar em discussão no Burundi, África, mas não aqui !


Quero ver, cada um dos candidatos, inclusive a candidata à reeleição, responder pelo menos, estes 6 quesitos formulados, sem rodeios e sem mentiras.  Aquele que melhor solução der aos problemas citados, terá o meu voto. Seja de que partido for.  Não estou nem aí, com o tal de ideologia! 

Ossami Sakamori
@SakaBrasil 


3 comentários:

Ruben disse...

Parabéns pelo artigo Ossami

Voto em Eduardo e sei que ele já está elaborando um plano de governo bem mais amplo do que estas 6 questões que vc aborda.

Lembro todavia que nenhum postulante pode se declarar candidato ANTES de 30 junho, quando termina o prazo das convenções partidárias.
.

Unknown disse...

Estimado e amigo Sakamori:

É sempre com inegável competência e objetividade os textos que você nos traz abordando a vida pública e o interesse público deste país!
A matéria de hoje, como tantas outras, não é diferente e principalmente aborda tema extremamente importante para os postulantes a dirigirem este país de dimensões continentais, o posicionamento de seus programas de governo no tocante a inserção do mercado mundial !
Realmente, esse discurso menor de saude, educação, segurança já esgotou nossas paciências e nossa expectativa de vermos o Brasil alçar voo mais alto na comunidade das nações!
Mas, meu amigo, continuo a conclamar que estamos supervalorizando a postulância a Presidência da República, e deixando passar ao largo, a responsabilização dos parlamentares, os verdadeiros carrascos e mentores das práticas condenáveis que temos reagido na nação!
Enquantio não tivermos um Congresso limpo, austero, decente, é impossível que tenhamos uma Presidência da República nos moldes que desejamos!
Cabe-lhes, a avaliação, acompanhamento, julgamento dos atos do Executivo, e, estando como estão, ou seja, vendidos ao Presidente, jamais exercerão suas responsaabilidades, ou cobrarão !
Quanto ao pleito deste ano, tenho levado a alguns interlocutores da oposição, a indicação para que leiam bloggs que exercitam a cidadania, e que prestam uma assessoria formidável como é o seu caso!
Encerro abraçando-o e augurando que nosso clamor possa se extender aos demais cidadãos preocupados com este país !
Sinceramente,

MARKITO DE SOUZA

Unknown disse...

No meu humilde entendimento, o Governo e Estado deveriam traçar um plano em conjunto com o assunto da Infra-estrutura das policias civis, federal e militar. Porque se nao houver ordem, se nao cumprirem leis, estaremos vivendo socialmente na regressão, ou seja, bandido de qualquer natureza se nao for punido, o que isso refletira na sociedade? Os presídios em geral nunca são reformados, as instituições para menores infratores na mesma situação, nao há um plano de reestruturação de coisa alguma! O povo nunca foi de cobrar aos políticos suas obrigações.